Pelo menos entre os brasileiros, os reis da traição são os homens. Aliás, se pular cerca fosse esporte, certamente estaria entre os mais praticados do país. Isso é o que indica uma pesquisa feita em 2003 pela Universidade de São Paulo (USP), que ouviu as confissões sobre infidelidade de quase 4 mil pessoas casadas em 17 cidades. De acordo com o estudo, metade dos homens já deu suas escapadinhas pelo menos uma vez durante o matrimônio. Entre as mulheres, o índice médio de infidelidade é bem menor, em torno de 22%. Para entender tamanha diferença, é preciso considerar fatores biológicos e tradições típicas do nosso país. “Primeiro, devemos ter em mente que o homem tem um hormônio sexual muito potente, o andrógeno. Isso pode gerar maior agressividade sexual em relação à mulher, influenciada por um hormônio mais suave, o estrógeno. Em segundo lugar, a cultura brasileira dá ao homem liberdade para fazer sexo e diversificar suas conquistas”, quem afirma isso é a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora da pesquisa da USP.

Um aspecto importante é que os dois sexos traem por razões bem diferentes. Enquanto a rapaziada geralmente só quer descarregar o tesão e obter satisfação física, as mulheres costumam entrar de cabeça na relação, se envolvendo muito mais. “Quase sempre, elas querem romper um dos relacionamentos e se dedicar àquele que mais satisfaz a sua necessidade afetiva”, diz Carmita. A pesquisa mostrou também a idade mais comum para os casos extraconjugais. Entre as mulheres, as meninas jovens são as mais saidinhas. No caso dos homens, o título da traição vai para o chamado “gatão de meia-idade” (ou “tiozinho da Sukita”, dependendo da situação): o homem entre 40 e 50 anos. Outro aspecto curioso é que a infidelidade varia de acordo com a região do país. Do lado das mulheres, as cariocas são as mais infiéis. No ranking dos homens, os líderes são os baianos. Repetindo, a tradição cultural ajuda a explicar os resultados.

“No Brasil, a mulher carioca é vista como um símbolo de sexualidade e liberdade. Já o homem baiano é o herdeiro de uma tradição machista que dá ao sexo masculino o ‘direito’ de ter várias parceiras”, diz Carmita.

 

Na minha opinião, antigamente, muitas mulheres permaneciam casadas porque não tinham outra opção, não trabalhavam nem tinham recursos próprios e suas vidas estavam inteiramente atreladas à do marido. Isso, provavelmente, dificultava a infidelidade feminina.

As leis que facilitaram o divórcio e descriminalizaram o adultério, em diferentes partes do mundo, também contribuíram para diminuir o medo delas de trair. Mas não foi apenas isso que mudou. As mulheres viajam mais, estão mais no escritório e têm oportunidade de encontrar alguém, mantendo essa experiência longe dos seus maridos e de suas famílias.

Entre os casais homossexuais, a pesquisadora norte-americana observou que os homens tendem a permitir com mais facilidade relações sexuais extraconjugais. Já as lésbicas costumam ser menos propensas a aceitar esse comportamento. “Se elas traem, é muito mais provável que seja sério e se transforme em uma relação concorrente à vida do casal”, diz ela..

Há casais, porém, em que as pessoas envolvidas têm relações extraconjugais e isso não significa infidelidade. Depende do acordo que o casal estabeleceu. Se o combinado é que cada um pode ter parceiros fora do relacionamento, não há traição.